Hoje dei por mim a pensar no que estive a fazer este último mês e meio…
Inicialmente, nenhum de nós sabia o impacto que isto iria ter, a COVID19 entrou nas nossas vidas e a Helpo teve que reorganizar a sua intervenção, mais uma vez. Continuo a surpreender-me com a capacidade de nos reinventarmos. É mesmo bom ver as maravilhas do nosso trabalho (basta ler e ver as nossas redes sociais e este blog!).
Eu estava a fazer o meu trabalho no projeto MUDARTE quando, de repente, vi as escolas fecharem e, de um momento para o outro, estava a carregar caixas com refeições para famílias apoiadas pela Junta de Freguesia de Cascais e Estoril. A nossa missão passou a ser “ajudar quem ajuda” (palavras do meu companheiro de viagem Cazé). A Junta de Freguesia tem sido incansável no apoio à população e não podíamos deixar de nos juntar a esta causa!
A verdade é que não é só a entrega das refeições, tem sido muito mais do que isso: é ajudar as fantásticas cozinheiras do Externato Nossa Senhora da Assunção que todos os dias nos recebem com um sorriso e que têm o cuidado de nos preparar um lanche para o caminho; são as famílias (muitas…) que inicialmente abriam timidamente a porta para receber as refeições e que hoje já nos conhecem pelo nome; são as partilhas que vão tendo connosco, mesmo que por uns minutos (acredito que em algumas das casas são a única visita que recebem…); são as “viagens” com o Cazé a ouvir a “Antena Aberta”, a partilharmos a nossa vida e experiências em Portugal e Moçambique; são as mensagens trocadas com o grupo de voluntários da Junta de Freguesia que ainda hoje me fascinam pela sua dedicação; foram as idas às compras e as preparações de cabazes para as famílias apoiadas.
É difícil passar para o papel o que tem sido este mês e meio, faltam-me palavras para descrever o que temos feito, até o Duarte (o meu filho mais velho) diz: “O papá vai dar comida a quem não tem…”, mal sabe ele que mais do que levar comida é o que o papá tem recebido desta experiência.
A nossa vida não voltará a ser a mesma, que saibamos retirar o “bom” desta pandemia, mais do que “vai ficar tudo bem”, é o que estamos a fazer para que fique tudo bem. É um orgulho poder fazer parte desta mudança, junto de tantas pessoas que têm estado entregues ao serviço ao próximo.
Amanhã é dia de ficar em casa, vou sentir falta da nossa volta, mas sei que o pouco que dei foi muito… muito para mim.
Miguel Jarimba, Técnico de Projetos Nacionais da Helpo